O conflito entre Israel e Palestina teve mais um fato dramático no dia 07 de outubro de 2023, quando o Hamas bombardeou Israel, em um ataque que pegou a inteligência do país de surpresa. Devido ao seu caráter histórico e de extrema relevância internacional, o Clipping preparou a seguinte Linha do Tempo para ajudar os candidatos a entender melhor os fatos e negociações relacionadas ao tema.
1ª metade do século XX
- 1916: Acordo Sykes-Picot
- Inglaterra e França, por meio de um acordo secreto conhecido como “Acordo de Sykes-Picot”, concordaram em dividir o Oriente Médio em áreas de influência. Conforme o acordo secreto, na hipótese de derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, a Palestina passaria a estar sob administração internacional.
- 1917: Declaração de Balfour
- Arthur James Balfour, secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros, escreveu uma carta sobre a intenção do governo britânico em facilitar o estabelecimento do Lar Nacional Judaico na Palestina
- Abril de 1920: Conferência de San Remo
- Conferência realizada entre a França e o Reino para formalizar a divisão do Oriente Médio otomano. Os franceses ficariam com o Líbano e a Síria, enquanto os britânicos assumiriam o controle do Iraque e da Palestina.
- Agosto de 1920: Tratado de Sèvres
- Os países vitoriosos na Primeira Guerra Mundial negociaram o Tratado de Sèvres sobre a paz com os otomanos. Por seus termos, a Palestina passaria a estar sob o mandato britânico, acompanhando os termos do Acordo Sykes-Picot.
- Junho de 1922: Aprovação do mandato britânico da Palestina
- A Liga das Nações aprovou o Mandato Britânico da Palestina, que estabelecia a responsabilidade britânica sobre o território da Palestina otomana e comandava o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu.
- Agosto de 1922: Primeira Divisão
- Governo Britânico apresentou um memorando unilateral indicando que a Transjordânia (atual Jordânia) estava excluída da colonização judaica
- O Reino Unido passou a administrar a parte oeste do rio Jordão, Palestina, e a parte leste do rio, como a Transjordânia.
- Abril de 1947: Criação da UNSCOP
- ONU criou o UNSCOP (Comitê Especial da ONU para a Palestina) com o objetivo de investigar as causas subjacentes dos tumultos coletivos e formular recomendações sobre as próximas medidas políticas a serem adotadas.
- Novembro de 1947: Plano de Partilha da Palestina
- Em 1947, Oswaldo Aranha presidiu a Segunda Assembleia Geral, que votou o plano de partilha da Palestina (Resolução 181 II), que resultou na criação futura do Estado de Israel.
- Resolução 181 previa a divisão de 55% para os judeus e 45% para os muçulmanos, cuja população era o triplo da de judeus
- Decidiu pelo estabelecimento de um regime internacional especial sobre a cidade de Jerusalém
- Maio de 1948: Declaração de independência de Israel e invasão da Liga Árabe.
- Fim do Mandato Britânico para a Palestina e declaração da independência de Israel provocaram um conflito regional.
- Os exércitos do Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita atacaram Israel por três frentes diferentes por rejeitarem o Plano de Partilha da ONU
- Dezembro de 1948: Resolução 194 da AGNU
- O Brasil votou a favor da Resolução 194 (III), que estabeleceu o direito de retorno como princípio basilar para a solução da questão dos refugiados palestinos.
- A resolução também previa acabar com a Guerra Árabe-Israelense de 1948, através de uma comissão de conciliação para facilitar a paz
- Fevereiro de 1949: Brasil reconheceu o Estado de Israel
- Maio de 1949: Resolução 273 (IV) da AGNU
- Brasil se absteve na votação desta resolução, que admitiu Israel como membro das Nações Unidas
- Dezembro de 1949: Resolução 302 (IV) da AGNU
- Tratava sobre questões dos refugiados palestinos, resultando na instituição da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
2ª metade do século XX
- 1951: Brasil estabeleceu sua legação em Tel Aviv
- Julho de 1956: Crise no Canal de Suez
- Gamal Abdel Nasser, presidente egípcio, nacionalizou a rota comercial do Canal de Suez.
- Israel invadiu o Egito, seguido por Reino Unido e França. Os EUA e a URSS apoiaram um acordo de paz para acabar com os conflitos.
- O canal só foi reaberto no ano seguinte.
- 1958: Legação brasileira em Tel Aviv é elevada à categoria de Embaixada
- 1964: Criação da Organização para Libertação da Palestina (OLP)
- Os diversos grupos que lutavam pelos direitos dos palestinos se uniram e criaram, na Jordânia, a OLP. O maior desses grupos era o Fatah, e seu criador, Yasser Arafat, presidiu a OLP.
- Junho de 1967: A Guerra dos Seis Dias
- Inicia-se com o ataque aéreo israelense aos campos de aviação egípcios e ataque terrestre israelense na Península do Sinai.
- Israel assumiu o controle da Faixa de Gaza, do Sinai, da Cisjordânia, das Colinas de Golan e de Jerusalém Oriental, predominantemente árabe. Diversos palestinos fogem ou são deslocados.
- 1970: Tentativa de assumir o controle da Jordânia
- OLP se exilou na Jordânia e tentam derrubar o rei, mas fracassaram; Yasser Arafat e todos os seguidores da OLP foram expulsos do país. Sem ter para onde ir, acabaram indo para o sul do Líbano.
- 1972: Massacre de Munique
- Ala radical da OLP, chamada Setembro Negro, foi à Olimpíadas de Munique e tomaram como reféns 11 atletistas israelenses. Os sequestradores e reféns acabaram mortos, e esse acontecimento fez com que a causa palestina e o conflito Israel-Palestina ganhassem destaque na mídia internacional.
- Novembro de 1973: Guerra do Yom Kippur
- A coligação de nações árabes, liderada pelo Egito e pela Síria, lançou um ataque surpresa contra Israel durante o feriado judaico de Yom Kippur
- As forças israelenses, inicialmente em desvantagem, terminaram vencendo o conflito e repelindo os ataques.
- 1974: Reconhecimento da OLP como representante do povo palestino
- Na AG, o chanceler Azeredo da Silveira fez menção direta aos direitos do povo palestino. Também em 1974, o Brasil votou a favor das resoluções 3210 (XXIX) e 3236 (XXXIX), que representam o reconhecimento da OLP pelas Nações Unidas.
- A Liga Árabe também declarou que a OLP era a única representante legítima do povo palestino.
- 1975: Resolução 3379 (XXX) da AGNU
- A resolução foi aprovada com o apoio do 3º Mundo e considerou o sionismo uma forma de racismo.
- Setembro de 1978: Acordos de Camp David
- Acordos de paz entre o presidente egípcio, Anwar Sadat, e o primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, mediado pelo presidente dos EUA, Jimmy Carter.
- Estabelece o mútuo reconhecimento entre Israel e Egito, a cessação do estado de guerra, a retirada das forças israelenses da Península do Sinai e a livre passagem dos israelenses pelo Canal de Suez.
- Dezembro de 1987: Primeira Intifada
- Começa no campo de refugiados de Jabaliyah, no extremo norte da Faixa de Gaza, com civis palestinos atirando paus e pedras contra militares de Israel.
- Provoca confrontos e protestos na Cisjordânia, em Gaza e em Israel. A agitação prolonga-se durante anos, com muitos mortos e feridos de ambos os lados.
- 1991: Conferência de Madri
- Idealizada pela Espanha e convocada pelos EUA e pela URSS, a conferência deu início a um novo processo de negociações bilaterais e multilaterais para a resolução do conflito.
- 1993: Acordos de Oslo
- Assinatura do primeiro de dois acordos entre o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e o líder da OLP, Yasser Arafat, mediados pelo presidente estadunidense, Bill Clinton, para estabelecer um processo de paz baseado em resoluções da ONU
- Estabeleceram a criação da Autoridade Nacional Palestina (ANP), para supervisionar assuntos administrativos na Cisjordânia e em Gaza; a OLP é reconhecida por Israel e pelos EUA como um parceiro de negociação.
- Julho 1994: Cessar-fogo entre Israel e Jordânia
- Israel e Jordânia encerraram o estado de beligerância, levando ao estabelecimento da paz em outubro.
- Julho de 2000: Cúpula de Camp David
- Foi um esforço mediador estadunidense para tentar fechar o processo iniciado com Oslo, mas não obteve êxito
- Setembro de 2000: Segunda Intifada
- Tem início após a eclosão de tumultos na sequência de uma visita do político israelense de direita Ariel Sharon (e mais tarde primeiro-ministro) a um complexo em Jerusalém venerado pelo judaísmo, cristianismo e islamismo
- O conflito, que durou até o começo de 2005, deixou centenas de mortos em ambos os lados.
Século XXI
- 2001: FHC na AGNU
- FHC tratou sobre o conflito em seu discurso na abertura da AGNU, defendendo a criação de um Estado palestino
- 2005: Retirada de Gaza
- Seguindo a proposta de Ariel Sharon, Israel deixa a Faixa de Gaza após 40 anos de ocupação, retirando tropas e 8.000 colonos
- Hamas passa a ocupar o território, pouco tempo depois
- 2006: Hamas eleito em Gaza
- O grupo militante palestino Hamas vence as eleições em Gaza, o que provoca tensões políticas com o partido Fatah, mais moderado, que controla a Cisjordânia.
- Dezembro de 2008: Operação Chumbo Fundido
- Israel realiza um ataque de três semanas a Gaza
- Militantes palestinos realizam ataques com foguetes contra Israel, abastecidos por túneis provenientes do Egito
- Mais de 1.110 palestinos e pelo menos 13 israelenses foram mortos.
- Dezembro de 2009: visita do chefe de estado israelense
- O Congresso Nacional reuniu-se em sessão solene para receber o presidente de Israel, Shimon Peres. A última vez que o Brasil recebeu um chefe de Estado israelense havia sido em 1966.
- Março de 2010: visita do presidente Lula a Israel e Palestina
- O presidente da República realizou uma visita histórica a Israel e Palestina, sendo a primeira oficial de um chefe de estado brasileiro a estes países. Antes, o único chefe de estado brasileiro a visitar a região fora o Imperador Dom Pedro II, que esteve no Egito, Líbano, Síria e Palestina otomana em 1876, em viagem de natureza particular.
- Dezembro de 2010: Reconhecimento do Estado palestino
- O Itamaraty anuncia o reconhecimento brasileiro do Estado Palestino nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, atendendo pedido do presidente da ANP ao presidente Lula.
- Em um período de cerca de três meses após o reconhecimento pelo Brasil, todos os países sul-americanos, com exceção da Colômbia, reconheceram o estado palestino.
- 2011: visita do chefe do chefe de estado palestino
- O Brasil recebeu a visita do chefe de estado palestino, Mahmoud Abbas (ANP) para a posse presidencial de Dilma Rousseff
- Novembro de 2012: Israel matou chefe militar do Hamas
- Israel mata o chefe militar do Hamas, Ahmed Jabari, desencadeando mais de uma semana de disparos de foguetes a partir de Gaza e de ataques aéreos israelenses.
- Pelo menos 150 palestinos e seis israelenses foram mortos.
- 2014: Hamas mata adolescentes israelenses
- Militantes do Hamas mataram três adolescentes israelenses raptados perto de uma colônia judaica na Cisjordânia, o que provocou uma resposta militar israelense conhecida como “Operação Margem Protetora” ou “Borda de Proteção”
- O Hamas responde com ataques de foguetes a partir de Gaza.
- O conflito, que durou sete semanas, deixou mais de 2.200 palestinos mortos. Em Israel, 67 soldados e seis civis foram mortos.
- 2016: Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU
- A resolução reafirmou que o estabelecimento de assentamentos no território palestino ocupado desde 1967 não possui “validade legal” e constitui uma “flagrante violação sob o Direito internacional e um obstáculo para a visão de dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”
- Dezembro de 2017: EUA reconheceram Jerusalém como capital
- A administração Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e anunciou que planejava mudar a embaixada dos EUA de Tel-Aviv, provocando a indignação dos palestinos.
- 2018: protestos em Gaza
- Foram feitos protestos em Gaza, ao longo da fronteira com Israel. Mais de 170 manifestantes foram mortos.
- Em novembro, Israel realizou uma incursão secreta em Gaza. Pelo menos sete supostos militantes palestinos e um oficial superior do exército israelense foram mortos.
- A partir de Gaza, são disparados centenas de foguetes contra Israel.
- Maio de 2021: Polícia israelense invadiu a Mesquita de Al-Aqsa
- Polícia israelense invadiu Mesquita de Al-Aqsa, um dos lugares mais sagrados do islamismo
- Hamas disparou foguetes contra a cidade e Israel retalia com ataques aéreos
- Deixou mais de 200 mortos em Gaza e pelo menos 10 mortos em Israel.
- Primavera de 2022: ataques em Israel
- Marcou uma série de ataques mais mortais e violentos do últimos anos por parte dos palestinos
- Como resposta, Israel lançou a operação militar “Quebra Ondas” na Cisjordânia
- Deixou cerca de 146 palestinos e 29 israelenses mortos.
- Dezembro de 2022: sexto mandato de Netanyahu como primeiro-ministro de Israel.
- Bloco de políticos de extrema-direita levados ao poder
- Janeiro de 2023: Ataque israelense em Jenin
- Forças israelenses invadiram a cidade palestina de Jenin, matando nove pessoas, em 26 de janeiro
- No dia seguinte, um atirador palestino matou sete pessoas numa sinagoga de Jerusalém Oriental
- Maio de 2023: Ataques aéreos contra líderes militantes
- Israel lançou ataques aéreos surpresa em toda a Faixa de Gaza, tendo como alvo os líderes da organização militante Jihad Islâmica, que é apoiada pelo Irã.
- Os ataques mataram três líderes militantes e 10 outras pessoas, incluindo quatro mulheres e quatro crianças
- Junho de 2023: ataques de retaliação
- 20 de junho:
- forças israelenses invadiram Jenin e enviaram helicópteros Apache
- dois homens do Hamas mataram quatro israelenses nos arredores da colônia de Eli
- 21 de junho: centenas de colonos israelenses invadiram aldeias palestinas. Israel efetuou então o seu primeiro ataque com drones na Cisjordânia desde 2006, matando três supostos militantes.
- 20 de junho:
- Julho de 2023: Israel invadiu Jenin com cerca de 1.000 soldados
- Israel realizou um ataque aéreo e terrestre com 1.000 soldados apoiados por ataques de drones contra um campo de refugiados em Jenin, tendo como alvo um “centro de comando” militante
- Outubro de 2023: Hamas realizou ataque surpresa
- Ataque surpresa dos militantes do Hamas, um dia após o 50º aniversário do início da guerra do Yom Kippur de 1973, por via aérea e marítima.
- O primeiro-ministro israelense, Netanyahu, afirmou que país estava em guerra
Referências:
BRAUN, Júlia. 70 anos da partilha da Palestina: entenda a linha do tempo. Veja, 01 dez. 2017. Mundo. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/70-anos-da-partilha-da-palestina-entenda-a-linha-do-tempo. Acesso em: 09 out. 2023.
FÁVERO, Gustavo; PINHEIRO, Lucas Frota Verri. As relações entre o Brasil e a Palestina e o reconhecimento do Estado palestino pelo Brasil. Cadernos de Política Exterior, v. 3, p. 65–91, 2016. Disponível em: http://www.funag.gov.br/ipri/images/pdf/3.05_Brasil-Palestina.pdf Acesso em: 09 out. 2023.
GORNIAK, Paulo. Israel-Palestina: da Resolução 181 da ONU ao início dos anos 90. Politze, 18 set. 2018. História. Disponível em: https://www.politize.com.br/conflito-israel-palestina/. Acesso em: 10 out 2023.
PAREDES, Noberto. Como França e Reino Unido dividiram o Oriente Médio entre si há um século. UOL, 24 abr. 2021. Internacional. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2021/04/26/oriente-medio-franca-reino-undio-conferencia-san-remo-101-anos.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 10 out. 2023.
WASHINGTON POST. Entenda o conflito entre israelenses e palestinos: uma cronologia. Estadão, 07 out. 2023. Internacional. Disponível em: https://www.estadao.com.br/internacional/entenda-o-conflito-entre-israelenses-e-palestinos-uma-cronologia/. Acesso em: 09 out. 2023.