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As Mulheres e a Diplomacia: da Primeira Fase à posse, quais os desafios?

Mais uma vez o Concurso de Admissão para a Carreira Diplomática está sendo realizado, aprovando mais CACDistas sonhadores que buscam uma vaga no Ministério das Relações Exteriores (MRE). 

Mas a periodicidade do concurso para diplomacia já não é muito surpresa para quem já conhece o certame, o que surpreende é o número de mulheres aprovadas. 

Infelizmente, a cada ano percebemos que as mulheres ainda não representam a maioria dos aprovados finais. Pior que isso, há um grande desequilíbrio entre o número de aprovados homens e mulheres

As mulheres aprovadas na 1ª fase do CACD 2023

A primeira fase do CACD 2023, conhecida como TPS, ocorreu em 27 de agosto.

O certame contou com 7.901 inscritos, sendo 4.443 homens (56%) e 3.458 mulheres (43%), aproximadamente.

Até o momento da inscrição, há pouca diferença entre os números de inscritos separados por gênero. No entanto, a diferença passa a ser maior no número de aprovados no TPS. 

No TPS, foram aprovados 426 candidatos. Deles, cerca de 76% são homens e apenas 23% são mulheres

Estamos falando de uma diferença de, aproximadamente, 220 candidatos. 👀

Nas últimas edições do CACD, tivemos as seguintes quantidades de aprovados:

AnoHomens AprovadosMulheres AprovadasTotal de Aprovados
2022211536
202118725
201916420
201823326
2017191130
201622931

Em 2022 tivemos o maior número de mulheres aprovadas, cerca de 42%. Este foi o maior percentual de mulheres a ingressar no MRE! 🎉

Uma das aprovadas de 2022, a Anna Cecília Sabbá, passou no CACD grávida de 9 meses, e a sua filha nasceu doze dias após a posse. 🤰

História das Mulheres na Diplomacia Brasileira

Não tem como falar sobre as discussões de gênero e não falarmos sobre as pioneiras na diplomacia, aquelas que abriram portas para que outras pudessem adentrar na carreira diplomática. 

A primeira mulher diplomata: Maria José de Castro Rebello Mendes

A primeira mulher diplomata do Brasil foi Maria José de Castro Rebello Mendes, aprovada em primeiro lugar no concurso de 1918. Maria José soube sobre o concurso por meio de um primo e então se dedicou aos estudos para a prova. Na época, o MRE não aceitou o pedido de inscrição de Maria para o concurso de 1918, então a sua família pediu auxílio jurídico de Ruy Barbosa, que emitiu um parecer alegando a inconstitucionalidade da medida do Itamaraty, já que não havia nenhuma lei que impedisse sua inscrição. 

Devido à pressão, o ministro das Relações Exteriores, Nilo Peçanha, deferiu a inscrição da candidata, afirmando: “Não sei se as mulheres desempenhariam com proveito a diplomacia, vide tantos attributos de discrição e competência são exigidos, bem que não são privilégio do homem – e si a requerente está apparelhada para disputar um logar nessa Secretaria de Estado (…), o que não posso é restringir ou negar o seu direito… Melhor seria, certamente, para o seu prestígio que continuassem a direcção do lar, taes são os desenganos da vida pública, mas não há como recusar sua aspiração, desde que fiquem provadas suas aptidões.”

O seu ingresso no Itamaraty gerou muita polêmica nos jornais da época, e por sua chegada foi construído o primeiro banheiro feminino na instituição. Mesmo com toda polêmica, Maria esteve por 12 anos na carreira diplomática. 

A primeira ministra de 1ª classe: Odette de Carvalho e Souza

Odette de Carvalho e Souza foi diplomata brasileira e a primeira Embaixadora da carreira do mundo, sendo promovida ao cargo em 1956.

Antes de entrar no Itamaraty, Odette de Carvalho e Souza trabalhou em conferências internacionais. Mas foi em 1936 que Odette ingressou na carreira diplomática por meio do concurso de títulos. 

Entre 1936 e 1939 ela chefiou os Serviços Especiais de Informação do MRE. Em 1956, Odette foi promovida a ministra de primeira classe

Seus postos no exterior foram:

  • Cônsul-Geral em Lisboa;
  • Embaixadora em Tel Aviv;
  • Embaixadora em São José;
  • Chefe da Delegação junto às Comunidades Econômicas Europeias em Bruxelas.

A primeira diplomata negra do Brasil: Mônica de Veyrac

Aos 22 anos, em 1980, Mônica de Veyrac se tornava a primeira diplomata negra do Brasil

Mônica iniciou sua carreira na Secretaria de Estado (SERE), trabalhando na Divisão de Passaportes, Assistente do Chefe e na Divisão de Privilégios e Imunidades. Em 1983, Mônica foi alocada no consulado brasileiro em Zurique para atuar como vice-cônsul e lá recebeu a promoção para Segunda-Secretária. 

Infelizmente, a sua carreira diplomática foi breve. Mônica de Veyrac veio a falecer em 1985 em decorrência de um aneurisma cerebral. 

Diferentemente da sua aprovação, o falecimento de Mônica não teve tanta repercussão na imprensa brasileira. O jornal Correio Braziliense publicou falas dos amigos da diplomata que afirmaram que ela sofreu racismo por parte do seu superior em Zurique, a tratando como uma serviçal. 

E o que as diplomatAs e futurAs diplomatAs querem?

Criada em 2023, a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras (AMDB)  é formada por mulheres diplomatas brasileiras, ativas ou aposentadas, que possui o objetivo de criar um Itamaraty mais igualitário e representativo.

Segundo a AMDB, a associação tem o desejo de que o MRE reflita o Brasil, assim, elas formulam e apresentam medidas formais que promovem a entrada e a ascensão de mulheres na carreira diplomática. 

Os objetivos da AMDB são:

  • Avançar na paridade de gênero no Itamaraty e sociedade;
  • Criar o Fórum de Diálogo para paridade de gênero no MRE;
  • Estabelecer critérios mais claros para promoção e remoção a postos no exterior;
  • Romper o teto de vidro da diplomacia brasileira;
  • Incorporar a perspectiva de gênero na política externa brasileira;
  • Avançar a pauta de gênero de maneira uniforme;
  • Promover o empoderamento feminino.

Um dos cenários que a AMDB quer mudar é a dificuldade da grande maioria das mulheres diplomatas em avançar para além do cargo de Conselheira, não podendo chefiar postos e cargos relevantes. 

O Clipping já entrevistou a diplomata, presidenta da AMDB e subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty, Irene Vida Gala, e também primeira diplomata brasileira a chefiar a unidade de paz e de segurança da Assembleia Geral, Amena Martins Yassine. Nesse post você pode descobrir mais sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na diplomacia.

O que as mulheres querem na diplomacia é a igualdade, tanto de oportunidades quanto de promoções.

Muitas mulheres se interessam pela carreira diplomática, o próprio Itamaraty promove e incentiva a inscrição delas para o concurso. No entanto, mais do que o incentivo, as mulheres precisam de espaço dentro do órgão.

No Clipping você encontra a plataforma mais completa de estudos para quem deseja ser diplomata, seja no nível iniciante ou mais avançado. O objetivo do Clipping é democratizar o acesso ao CACD.

Desta forma, o Clipping demonstra total apoio e admiração a todas as mulheres CACDistas e diplomatas. 

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