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Novos Olhares sobre a Política Externa Brasileira: entenda o que é

Então Clipping,  essa obra Novos Olhares sobre a PEB, de que todo mundo está falando,  vai fazer parte da "Bibliografia indicada para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD)"?

Vamos por partes… O Clipping teve a dupla honra de  ter acesso antecipado a um exemplar do Novos Olhares sobre a Política Externa Brasileira e de falar em primeira mão sobre a obra. Dividimos o post em 4 partes:

Vamos  a elas…

O que é a obra?

A proposta de Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira transcende o CACD e a literatura acadêmica tradicional sobre o tema. A ideia do diplomata Gustavo Westmann, responsável pela organização e coordenação da obra, foi a de reunir de forma pouco convencional "análises modernas e pragmáticas, guiadas pela experiências concretas dos autores e desvinculadas de ideias preestabelecidas". Embora a maioria dos textos reunidos sejam de autoria de diplomatas, o que a obra traz são análises pessoais sem o necessário alinhamento ao discurso oficial do Itamaraty; isso além de contribuições de vozes que já há um tempo vem ganhando espaço no meio acadêmico e na imprensa como Dawison Belém LopesMaurício Santoro e Guilherme Casarões (este útlimo com reconhecida experiência na preparação para o CACD).

Novos Olhares sobre a Politica Externa Brasileira

Em linhas generalíssimas, essa é a ideia da obra Novos Olhares sobre a Política Externa Brasileira que, nos bastidores, ganhou o apelido "Novos Olhares".

Mas então, Clipping? Dos textos reunidos há algum que mereça destaque para fins de CACD?

Muita calma nessa hora… Vamos dar tempo ao tempo, e aos professores e ao Clipping  para conferirem melhor essa obra cujo lançamento, aliás, que nem ainda ocorreu. Falando em lançamento vão rolar 3 oportunidades de fazer um têteà-tête com os organizadores e autores da obra para entender melhor o sentido dos Novos Olhares…

Lançamentos da obra

Em Sampa: 

Em BSB, na Funag

A outra no Clio 

Segue agora a relação de textos e autores:

Relação completa de textos e autores de Novos Olhares sobre a PEB

  • Política externa e desenvolvimento: que horas o desenvolvimento chega? Uma nova política externa para uma nova estratégia de desenvolvimento

Felipe Antunes de OliveiraBacharel em História (uFrJ), mestre em Diplomacia (IrBr) e doutorando em relações Internacionais (Sussex University). Pesquisador do Centre For Global Political economy. Diplomata desde 2010.

  • Inserção internacional em um cenário de crise: A crise brasileira numa ordem global em transformação

Guilherme Casarões: Doutor e mestre pela universidade de são Paulo (USP) e mes- tre pela universidade estadual de Campinas (Unicamp) (Programa San Tiago Dantas). Leciona relações Internacionais na escola superior de Propaganda e marketing de são Paulo (esPm-sP)e na FGv-sP.

  • Os novos desafios da diplomacia brasileira: Reflexões sobre a diplomacia brasileira em tempos de globalização

Gustavo Westmann: Diplomata desde 2007, bacharel em Direito (USP) e em rela- ções Internacionais pela Pontifícia universidade Católica de são Paulo (PuC-sP). Mestre em Diplomacia (IrBr) e em Política Internacional (Luiss). Especialista em Direito Internacional Público pela UC Berkeley e pela the Hague Academy of International Law. atuou como consultor jurídico na área de direito ambiental e nas áreas cultural, ambiental e comercial do Itamaraty. Foi chefe do setor comercial da embaixada do Brasil na Itália. atualmente é chefe do setor econômico e comercial da embaixada do Brasil na Indonésia.

  • Elitismo e política externa: Notas sobre os fundamentos aristocráticos (e oligárquicos) da política externa brasileira

Dawisson Belém Lopes: Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da universidade Federal de minas Gerais (UFMG).

  • A formação do conhecimento diplomático: Pensando devagar em diplomacia

Tiago Ribeiro dos Santos: Ingressou na carreira diplomática em 2007. é formado em Direito pela PuC-rJ e mestre em Políticas Públicas pela Harris school da universidade de Chicago. Já esteve lotado nas Divisões de nações unidas e de Política Financeira do ministério das relações exteriores e atualmente trabalha na embaixada do Brasil em Washington.

  • O exercício do soft power brasileiro: A diplomacia do futuro e a alcunha do passado: o mito do soft power brasileiro

Hayle Gadelha: Adido cultural da embaixada do Brasil em Londres e doutoran- do pelo King’s College London. trabalhou na embaixada do Brasil em Pequim e no Departamento de américa do sul-II do Itamaraty

  • Brasil e África: O recuo do Brasil na África: o desmantelamento da ofensiva de soft power do governo Lula

Patrícia Campos Mello: Repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo. Formada em Jornalismo pela usP e mestre em Business and economic reporting pela universidade de nova York. Foi correspondente em Washington do jornal O Estado de S. Paulo e repórter do Valor Econômico e da Ga- zeta Mercantil, pelo qual foi correspondente na alemanha. Foi ven- cedora do Prêmio Folha e Prêmio estado. venceu o troféu mulher Imprensa 2016, categoria melhor repórter de jornal.

  • A fronteira asiática: Brasil, país Pacífico

Flávio Campestrin Bettarello: Diplomata de carreira. Desde 2014, é o vice-observador permanente do Brasil com a Comissão econômica e social das nações unidas para a Ásia e Pacífico (un-esCaP) e conselheiro na embaixada do Brasil em Bangkok. serviu na embaixada brasileira em Washington e foi professor titular de economia aplicada no Instituto rio Branco. Concluiu programas de pós-graduação nas universidades Johns Hopkins, Lse e uC Berkeley. Doutor em Ciências do Comportamento e mestre em Diplomacia.

  • Cooperação para o desenvolvimento: O Brasil precisa de uma agência para o desenvolvimento internacional?

Felipe Krause: Diplomata, atualmente cursando Ph.D. em Ciência Política e re- lações Internacionais na universidade de Cambridge, Reino Unido.

  • A agenda de segurança alimentar e nutricional: Para uma nova geopolítica da fome: a segurança alimentar e nutricional na política externa brasileira

Candice Sakamoto Vianna: Diplomata, mestre em Diplomacia pelo Instituto rio Branco e bacharel em administração pela Fundação Getulio vargas. traba- lhou quatro anos na representação Permanente do Brasil com as agências das nações unidas em roma, onde atuou como presi- dente do Grupo de trabalho para o marco estratégico Global para segurança alimentar e nutrição do Comitê de segurança alimentar mundial. atualmente é conselheira comissionada na embaixada do Brasil em Jacarta.

  • Em defesa do desenvolvimento sustentável: Por um novo paradigma: a diplomacia brasileira para o desenvolvimento sustentável

Roberta Lima: Diplomata brasileira, graduada em Jornalismo pela uFrJ e mes- tre em História Política/relações Internacionais pela universida- de Federal do rio de Janeiro (uerJ). no Itamaraty, tem-se dedicado principalmente a temas de meio ambiente, agricultura, desenvol- vimento sustentável e cooperação internacional. Integrou a equipe negociadora da Conferência rio+20.

  • O futuro do regime climático: Legitimidade por natureza: a política externa brasileira e o regime climático

Ilan E. Cuperstein: Assessor da C40 Cities Climate Leadership Group para a cidade do rio de Janeiro. antes da presente função, foi representante da Coppe/ uFrJ no Centro Brasil China de mudanças Climáticas e tecnologias Ino- vadoras para energia em Pequim por três anos. é formado em relações Internacionais pela PuC/rJ e tem mestrado em meio ambiente e Desenvolvimento pela London school of economics and Political science.

  • A diplomacia orçamentária nas Nações Unidas: Dívidas e dividendos: o Brasil e a área administrativa e orçamentária das Nações Unidas

Fernando Zelner: Bacharel em Ciência Política pela universidade de Brasília (unB) e diplomata de carreira desde 2007. atualmente, está locado na missão Permanente do Brasil com as nações unidas.

  • Governança da internet: Do marco civil às resoluções da ONU sobre privacidade digital: a política externa brasileira para a governança da internet como um jogo de dois níveis

Bruno de Moura Borges e Maurício Santoro: Ph.D. em Ciência Política (Duke university), doutor em Ciência Política (Iuperj) e professor-adjunto do Departamento de relações Internacionais da universidade do estado do rio de Janeiro (uerJ).

E por último a introdução…

Introdução da obra Novos Olhares sobre a Política Externa Brasileira

Como o país pretende afirmar sua inserção na nova ordem global? Que papel pretende assumir? Qual imagem deve passar? Quais serão os maiores desafios a superar? Tudo indica que as respostas para essas questões ainda não foram claramente identificadas. 

A sucessão de governos democráticos nas últimas décadas, somada a um contexto internacional favorável para os países emergentes, permitiu inédito salto de desenvolvimento na história do Brasil e criou condições ideais para a reestruturação de seu modelo de inserção na arena global.

Identificado como grande demais para ficar de fora do complexo equilíbrio de poder mundial, mas ainda pequeno para nele “atuar sozinho”, o país viu-se em meio a uma geometria variável de poder, que permitiu a diversificação de sua agenda, a formação de novas alianças e uma participação mais ativa nos principais centros de decisão. 

Não obstante os indiscutíveis avanços realizados, as crises dos últimos anos e o atraso de reformas estruturais em nossas instituições desmascararam vícios do passado e revelaram a persistência de importantes desafios a superar, entre os quais a ausência de um planejamento estratégico de longo prazo para a agenda internacional brasileira. A atual sensação de falta de rumos de nossa política externa é o reflexo mais imediato desta realidade.

 Com o objetivo de aprofundar a discussão sobre a inserção do Brasil na ordem global e os principais obstáculos que deverão ser afrontados nos próximos anos, o livro Novos olhares sobre a política externa brasileira busca envolver uma nova geração de diplomatas, jornalistas, professores e representantes do setor privado nos debates sobre os rumos da agenda internacional do país, visando compreender como avaliam o momento atual e as contribuições que poderão trazer para os formuladores de nossa política externa. 

Os participantes foram estimulados a desenvolver análises a título pessoal, sem o necessário rigor ou formalidades acadêmicas, com base em leituras críticas e estruturais sobre áreas de crescente interesse para o Brasil, da diplomacia pública à cooperação para o desenvolvimento, da governança da internet ao desenvolvimento sustentável, da política externa para a África à necessidade de reformas no Itamaraty. 

Ao contrário da literatura tradicional sobre o tema, que muitas vezes torna o assunto árido e de difícil leitura, ao longo das próximas páginas o leitor irá deparar-se com análises modernas e pragmáticas, tendo experiências concretas, desvinculadas de ideias preestabelecidas e, acima de tudo, propositivas. 

Vivemos um período de rápidas e crescentes transformações, que criam importantes desafios, mas também grandes oportunidades. Embora o Brasil tenha todas as credenciais para assumir renovado papel de liderança na ordem mundial, o país ainda carece de espaços inclusivos de discussão sobre política externa, que permitam contornar a superficialidade e polarização dos debates atuais e definir um planejamento estratégico de longo prazo, em sintonia com autênticos interesses de nossa sociedade. 

Contornar velhas mentalidades, avessas a mudanças e reativas à modernidade, será um dos maiores desafios a superar nas décadas por vir. Trata-se de difícil tarefa, mas que deverá ser constantemente perseguida e aprimorada. O presente projeto é mais um esforço neste sentido. 

Para atingir os objetivos propostos, o livro foi organizado em dois grandes eixos temáticos. Os primeiros textos consistem em reflexões mais amplas e gerais sobre a diplomacia e a política externa brasileira. Na segunda parte, o leitor encontrará análises específicas sobre a atuação do Brasil em torno de temas que vêm ganhando crescente importância no cenário internacional do século XXI. Os debates foram complementados e enriquecidos por ilustrações de dois grandes artistas, que dialogam visualmente com os conteúdos narrativos. 

Como fio condutor, a necessidade de urgentes reformas no processo de construção da agenda de política externa brasileira, que se reflete na preocupação dos autores com a insuficiência de debates transparentes sobre o tema, a falta de coordenação entre seus principais atores e a carência de mecanismos eficientes de prestação de contas à sociedade, para citar apenas alguns exemplos. Estas preocupações não são por acaso; sinalizam, ao contrário, graves problemas estruturais, que continuam impedindo o Brasil de tirar maiores proveitos de sua atuação global. 

De modo a facilitar a leitura dos textos, o livro tem início com excelente análise de Felipe Antunes sobre os diferentes modelos de desenvolvimento adotados pelo Brasil nas últimas décadas e como eles têm influenciado os rumos da política externa. Segundo o autor, embora a busca pelo desenvolvimento seja uma constante em nossa agenda internacional, os caminhos para atingi-lo continuam objeto de disputa entre elites burocráticas, econômicas e políticas que não necessariamente refletem as aspirações da maioria da população brasileira, do que decorre a premência de democratizar os debates sobre nosso papel no mundo contemporâneo e de repensar os modelos de inserção a seguir. 

O texto do professor Guilherme Casarões, “A crise brasileira numa ordem global em transformação”, diferentemente, avalia o processo de deterioração da política externa brasileira a partir de inflexões sobre recentes mudanças nas dinâmicas regionais de poder, no equilíbrio entre grandes potências e na configuração estratégica das parcerias brasileiras. Além de propor soluções alternativas para a crise atual, Casarões também apresenta comentários sobre o período de instabilidade pelo qual o Brasil está passando, e alerta para mudanças de rumo que vêm sendo verificadas, com impactos negativos ainda pouco compreendidos. 

Na mesma linha crítica e construtiva, o diplomata Gustavo Westmann introduz um debate atual sobre as recentes transformações da ordem global e suas consequências para a atividade diplomática tradicional. Ao indicar as dificuldades enfrentadas pelo Brasil para atender às demandas emergentes, o autor divide com o leitor suas opiniões sobre os avanços e retrocessos da política externa brasileira e sobre a crise do Itamaraty, sugerindo novos caminhos para a atuação do país no cenário internacional. 

Em “Notas sobre os fundamentos aristocráticos (e oligárquicos) da política externa brasileira”, o professor Dawisson Belém Lopes baseia-se em vasto conhecimento acadêmico para desmascarar o elitismo político na diplomacia brasileira, indicando que nossa política externa continua sendo pensada e implementada por fração diminuta da sociedade e orientada por referenciais normativos ultrapassados, que dificultam a democratização do debate. 

“Pensando devagar em diplomacia”, de Tiago Santos, afasta-se da literatura tradicional para abordar de maneira inovadora o processo de construção do conhecimento diplomático. Efetivamente, o autor questiona se esse conhecimento seria essencialmente pautado pela experiência ou por teorização e conclui que, apesar da primeira continuar sendo fundamental para as atividades de nossos diplomatas, nos dias de hoje é imprescindível associá-la a estratégias modernas de pesquisa e análise de bases teóricas e evidências empíricas. 

Hayle Gadelha, por sua vez, apresenta breve reflexão sobre as noções de soft power e diplomacia pública, analisando seus alcances e os benefícios que o Brasil poderá inferir de sua utilização planejada. De acordo com Gadelha, ao contrário de países como o Reino Unido, o governo brasileiro ainda não se vale de estratégias definidas para incrementar o potencial das reservas de soft power de que goza ou para converter esse poder em influência internacional. Defende, nesse sentido, uma diplomacia moderna, flexível e integrada à sociedade de rede, que seja capaz de implementar, em conjunto com a sociedade, abrangente plano de ação para o exercício do poder brando do país. 

O segundo eixo do livro tem início com a pragmática leitura da jornalista Patrícia Campos Mello, autora que dispensa apresentações, sobre a política externa do Brasil para a África, indicando as perdas que o país vem sofrendo desde o desmantelamento da estratégia de Lula para o continente. O texto intitulado “O recuo do Brasil na África: o desmantelamento da ofensiva de soft power do governo Lula” argumenta a favor de uma política externa mais sólida e consistente para o continente, recordando não haver soft power sem recursos, planejamento e vontade política. 

Outro continente que vem assumindo importância central no sistema internacional e que, por isso mesmo, não poderia ficar de fora deste livro é a Ásia. E ninguém melhor do que um jovem diplomata residente no continente para discutir o tema. Em “Brasil, país Pacífico”, Flávio Campestrin Bettarello analisa a atuação do Brasil na vertente do Pacífico, evidenciando as limitações da agenda brasileira para a região e sugerindo que, não obstante a distância geográfica e as barreiras linguísticas e culturais, a Ásia deverá necessariamente receber maior atenção de nossos formuladores de política externa. 

Felipe Krause dá continuidade ao livro por meio da apresentação de sólidos argumentos a favor da reforma e expansão das atividades do governo brasileiro nos campos da cooperação técnica e desenvolvimento internacional. Sustenta, por conseguinte, a criação de uma grande agência para o desenvolvimento internacional, com legislação e orçamento próprios, que permitam a elaboração de efetivo planejamento de longo prazo para a cooperação brasileira, ao contrário do que se observa atualmente. 

Em sintonia com as análises anteriores, Candice Sakamoto Vianna divide sua experiência profissional com o leitor para discutir mais amplamente a segurança alimentar e nutricional na diplomacia brasileira, apontando para importantes avanços do Brasil nesta agenda, apesar de ainda sujeitos a revezes. Ao criticar construtivamente a fragmentação do sistema de cooperação brasileiro e seus impactos na área de segurança alimentar, a autora reforça a necessidade de promover debates internos mais consistentes, que permitam avaliar os ganhos e perdas que uma política externa ativa na área poderá trazer para nossa sociedade. 

Roberta Lima introduz, em seguida, importante transição temá- tica para abordar uma das pautas centrais do discurso internacional do Brasil nas últimas décadas: a promoção do desenvolvimento sustentável. Em “Por um novo paradigma: a diplomacia brasileira para o desenvolvimento sustentável”, a autora comenta os bastidores de grandes negociações internacionais sobre o tema e avalia a participação brasileira na evolução da Agenda 2030 e nos Acordos de Paris. Destaca, contudo, que, apesar dos significativos avanços alcançados na construção mais democrática das posições brasileiras, ainda há muito espaço para ampliar e institucionalizar os canais de diálogo com outros órgãos da administração pública e da sociedade civil. 

Diretamente relacionado à agenda de desenvolvimento, mas sem com ela se confundir, o regime de mudança do clima é tratado por Ilan E. Cuperstein com singular clareza e objetividade. “Legitimidade por natureza: a política externa brasileira e o regime climático” vai além do debate usual sobre o protagonismo brasileiro na área ambiental para alertar que a evolução do tema vem exigindo a revisão das posições adotadas pelo país no passado, com impactos significativos em nossas políticas para o setor. Cuperstein aproveita a oportunidade para discorrer sobre as principais convenções que regulam o regime climático e refletir sobre os novos desafios e oportunidades que se apresentam à nossa política externa. 

Os últimos dois capítulos têm como elemento comum suas referências às Nações Unidas, desvendando temas não tradicionais em sua agenda, embora cada vez mais determinantes da conformação de poder global. Em tempos de críticas aos atrasos no cumprimento de nossas obrigações financeiras internacionais e de rediscussão sobre a participação do Brasil em diversos fóruns multilaterais, Fernando Zelner revela os mecanismos de agenda setting nas Nações Unidas com o conhecimento de quem lida diariamente com o tema e aprofunda a discussão sobre a relevância da participação financeira do Brasil em organismos internacionais. 

Para encerrar o livro com um assunto que nos últimos anos vem atraindo grande atenção da mídia brasileira, dois jovens especialistas, Bruno de Moura Borges e Maurício Santoro, foram convidados a discorrer sobre a liderança do Brasil no processo de definição das regras globais de governança da internet. “Do marco civil às resoluções da ONU sobre privacidade digital: a política externa brasileira para a governança da internet como um jogo de dois níveis” permite compreender não apenas a relevância desta nova agenda, mas também os avanços logrados desde a criação do Marco Civil da internet, evidenciando que nossas posições ainda não estão consolidadas, sujeitas às incertezas da política nacional. 

Diante da necessidade premente de democratizar o debate sobre a política externa brasileira, de forma fundamentada e para além de análises superficiais, espera-se que este livro possa contribuir para despertar o interesse do leitor sobre uma variedade de temas que vêm ganhando renovada importância na agenda internacional do país e que, em plena era global, deverão afetar crescentemente a vida diária de cada um de nossos cidadãos. Mais do que um convite à leitura, este livro pretende se afirmar como um convite à reflexão.

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